sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Trabalho Alienado

Marx em “o trabalho alienado” questiona o entendimento dado à economia política até sua época, ele critica a posição do economista que não busca estabelecer uma relação entre duas coisas: o trabalho e o trabalhador. Marx diz que a economia política esconde a alienação na natureza do trabalho e isto porque não observa a imediata relação entre o trabalhador e a produção.
Partindo da economia política, ele vai explicar a relação entre o trabalho e o trabalhador, dividindo a sociedade em duas classes, os possuidores de propriedades e os trabalhadores sem propriedade. Marx se fixa na idéia de que quanto mais o trabalhador trabalha e produz, mais miserável se torna.
Para Marx a economia política é movimentada pela competição dos homens avaros, e assim sendo, a avareza e a guerra proveniente dela, são os principais alimentadores da economia política.
Ao tratar da alienação do trabalhador, o filosofo nos diz que isso se dá quando o trabalhador põe a sua vida no objeto: o trabalho, conseqüentemente, sua vida não lhe pertence, mas, antes, ao próprio objeto. A alienação acontece quando o trabalhador passa a ser posse do objeto. Este trabalho assume uma existência externa, independente e antagônica.
A alienação torna o homem um escravo do objeto, porque ele recebe o trabalho e deste o seu meio de subsistência. Marx recorre a Feurbach e afirma o homem como ser genérico, que vive da natureza inorgânica de forma universal, não só no sentido de que faz objeto seu, a espécie, mas também no sentido de que ele se comporta perante si próprio como a espécie presente, viva, como um ser universal, e, portanto livre.
A natureza é o corpo inorgânico do homem, isto é, a natureza na medida em que não é o próprio corpo humano. O homem vive da natureza, e isto significa que a natureza é o seu corpo, com o qual tem de manter-se em permanente intercâmbio para não morrer.
O trabalho alienado transforma a vida genérica em meio da vida individual, alienando a natureza do homem e o alienando de si mesmo, da sua função ativa, da sua atividade vital e a respeito de sua espécie.
Para Marx o trabalho alienado transforma a vida genérica do homem em ser estranho, em meio da sua existência individual. Aliena do homem o próprio corpo, bem como a natureza externa, a sua vida intelectual, a sua vida humana.
Dessa forma, a existência do trabalhador não se dá por si, mas pela capacitação do objeto para sua existência, como trabalhador e sujeito físico. Na alienação há uma relação do trabalhador com os objetos de sua produção.
O trabalho é algo exterior ao trabalhador, não pertence à sua natureza, ele não se afirma no trabalho, ao contrário, nega-se a si mesmo. O trabalhador só se sente em si fora do trabalho, em suas funções naturais, enquanto no trabalho se sente fora de si.
Marx estabelece como relação de alienação, o vínculo do trabalhador ao produto do trabalho, afirmado que este objeto é estranho ao mesmo tempo em que dominante; e ainda, que há uma relação entre o trabalho e a produção como algo estranho e causador do sofrimento.
É notável que o trabalho alienado inverte a relação, uma vez que o homem, transforma sua atividade vital, o seu ser, em simples meio de existência, fazendo da atividade vital o objeto da vontade e da consciência. A vida genérica é furtada do homem.
Na relação do trabalho alienado, cada homem olha os outros homens segundo o padrão e a relação em que ele próprio se encontra. É a alienação do homem relativamente ao homem. Quando o homem se contrapõe a si mesmo, entra igualmente em oposição com os outros homens.
Neste ínterim, pode surgir a dúvida do leitor: se a minha atividade não me pertence, e é alheia, forçada, a quem ela pertence? Marx dirá que o produto não pertence ao trabalhador, e a ele se contrapõe como poder estranho, isto só é possível porque o produto do trabalho pertence a outro homem distinto do trabalhador.
A relação do trabalhador ao trabalho gera a relação do capitalista ao trabalho. A propriedade privada constitui, portanto, o produto, a conseqüência necessária do trabalho alienado, da relação externa do trabalhador à natureza e a si mesmo.
A propriedade privada deriva-se assim da análise do conceito do trabalho alienado, ou seja, do homem alienado, do trabalho alienado, da vida alienada, do homem estranho a si próprio. A propriedade privada, em seu clímax, é o produto do trabalho alienado, e ela é o meio através do qual o trabalho se aliena, ela é a realização da alienação.
A propriedade privada, como expressão material resumida do trabalho alienado, inclui a relação do trabalhador ao trabalho, ao produto do seu trabalho e ao não-trabalhador; e a relação do não-trabalhador ao trabalhador e ao produto do seu trabalho. Tudo o que aparece no trabalhador como atividade de alienação se manifesta no não-trabalhador como condição da alienação.
Nestas considerações, o salário e a propriedade privada são idênticos: de fato, o salário, tal como o produto do trabalho, constitui apenas uma conseqüência necessária da alienação do trabalho. No sistema de salários, o trabalho aparece, não como fim em si, mas como servo do salário. Um aumento de salários, não passaria de uma melhor remuneração dos escravos e não restituiria o significado e o valor humano nem ao trabalhador, nem ao trabalho.
Enfim, Marx afirmará que o trabalhador se apropria da natureza, a apropriação aparece como alienação e a alienação como apropriação, a atividade pessoal como atividade para outro e de outro, a espontaneidade vital como sacrifício de vida, a produção do objeto como perda do objeto a favor de um poder estranho, de um homem estranho.
A relação do trabalhador não se dá apenas como resultado de seu trabalho, mas todo o seu processo de produção serve de alienação. Se o produto do trabalho é a alienação, concorre que todo o processo é alienado. A alienação do produto e do trabalho é o resumo da alienação do próprio processo de atividade do trabalho.

Bibliografia
MARX, Karl. Manuscritos economicos-filosoficos e outros textos
escolhidos
. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978. 404p. : il. (Os
Pensadores).

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